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Água- Efeito da qualidade

Caso não seja apropriada, a água pode interferir nas propriedades do concreto


A água é o material mais consumido no planeta e um elemento indispensável a todas as formas de vida.
Além disso, é um componente fundamental do concreto, responsável pelas reações de endurecimento e usada na cura, chega representar 20% de seu volume. Portanto, se contiver substâncias danosas em teores acima dos estabelecidos por norma, pode influenciar no seu comportamento e propriedades.
A queda de resistência, a alteração do tempo de pega, a ocorrência da eflorescência, o aparecimento de manchas e a corrosão da armadura são os efeitos adversos citados como os mais significativos.
Para evitar tais problemas é fundamental que a água satisfaça alguns requisitos mínimos de qualidade, especificados pela NM 137/97: Água para amassamento e cura de argamassa e concreto de cimento Portland.
Veja abaixo os requisitos químicos que devem ser respeitados:
- Para sólidos totais é estabelecido o valor máximo de 5000 * 10-6 g/cm3.
- O pH deve estar compreendido entre 5,5 e 9,0.
- O teor máximo de ferro não deve ultrapassar a 1,0 * 10-6 g/cm³.
Obs.: O limite de ferro só se aplica para concretos com restrições estéticas ao manchamento.
A NM 137 estabelece ainda requisitos químicos para o próprio concreto, considerando o aporte de sulfatos e cloretos trazidos pela água, pelos agregados, aditivos químicos, adições e cimento.
O teor de sulfatos solúveis é limitado em 2000 * 10-6 g/cm³, já para cloretos solúveis são especificados valores de acordo com o tipo da estrutura. No caso do concreto simples 2000 * 10-6 g/cm³, concreto armado 700 * 10-6 g/cm3, e para o concreto protendido 500 * 10-6 g/cm³.
Como orientação geral, do ponto de vista da resistência do concreto, a presença de quantidades excessivas de algas, óleo, sal e açúcar na água de amassamento deve ser vista como um sinal de advertência.
De acordo com Adam Neville, a presença de algas na água pode resultar na incorporação de ar, com conseqüente perda da resistência. A presença de algas pode ainda ser um indicativo da presença de matéria orgânica e, embora a norma NM 137 não faça referência específica a respeito de matéria orgânica, sabe-se que teores elevados podem intervir de modo prejudicial no endurecimento do concreto.
Uma questão a ser ressaltada é quanto à utilização da água do mar ou salobra. Neville comenta que ela pode provocar uma resistência inicial maior em função da salinidade, no entanto reduzir a resistência a longo prazo, causar corrosões da armadura, umidade permanente e eflorescências na superfície do concreto. Portanto, não deve ser utilizada.
A NM 137 ainda estabelece que a água deve ser analisada se não vier da rede pública de água potável, mas sabe-se que algumas águas minerais potáveis contêm teores indesejáveis de carbonatos alcalinos que podem contribuir para a reação álcali-sílica. Águas sulfatadas, comuns em termas, também não devem ser utilizadas pois provocam expansões prejudiciais à integridade do concreto.
Mas então, como saber se a água é apropriada para uso no concreto?
A melhor maneira de avaliar o desempenho de uma água é preparar um concreto com ela e outro de mesmo traço com água sabidamente pura. As resistências aos sete e 28 dias não podem ser 10% inferiores às do concreto com água pura.
Já no ensaio de tempo de pega do cimento, não pode haver alteração em mais de 30 minutos no início ou no fim da pega.
Outro fator que merece atenção, porém muitas vezes negligenciado, é a armazenagem da água. A NBR 12655/96: Concreto – Preparo, Controle e Recebimento – especifica que a água destinada ao amassamento do concreto deve ser guardada em caixas estanques e tampadas, de modo a evitar a contaminação por substâncias estranhas.
Em resumo, para produção de um concreto durável, dentro dos mais elevados padrões de qualidade, deve-se utilizar água o mais limpa possível, sem sais, ácidos, óleos, materiais orgânicos (restos de vegetação, algas) sem cheiro ou sabor. Em caso de dúvidas, deve-se analisar a água em laboratório.