Consultora dá dicas e técnicas para ajudar o mestre de obra nessa difícil função
Reportagem: Gisele C. CichinelliO que um bom mestre de obras precisa ter?
Ele deve conhecer bem a empresa para que trabalha, as etapas da construção, os materiais utilizados e as funções de cada trabalhador. Ele precisa saber negociar muito bem e estar sempre aberto para conversas. Também é importante que ele saiba quando delegar tarefas e como motivar seus funcionários diretos. Conhecer os projetos e os prazos, por exemplo, é fundamental, pois ele é o elo entre os engenheiros e a obra. Além disso, o mestre de obras deve sempre fazer cursos complementares, como interpretação de desenhos e plantas.
Como cobrar maior produtividade dos trabalhadores? Dar broncas é uma boa solução?
A bronca não é o melhor meio para cobrar maior produtividade. Procure mostrar e orientar a pessoa a fazer da forma correta. Coloque em prática certas técnicas que podem ajudar a manter a produtividade dentro do canteiro, como incentivar os trabalhadores a priorizar a tarefa mais importante do dia. O ideal é que os funcionários mantenham uma lista de tarefas diárias e realize uma por vez.
Uma das capacidades mais valorizadas dentro das empresas é a boa comunicação. Como desenvolver e aprimorar essa característica?
Uma boa dica é perceber o que o outro está tentando expressar pela observação de gestos, olhares, movimentos e palavras. Ouça atentamente e sem interrupções, e na hora de falar, seja objetivo e claro. Confirme sempre se a sua mensagem ou comando foi entendido.
Como fazer no dia a dia para manter a motivação nas equipes em alta?
O primeiro passo é conhecer o que gera satisfação no trabalho da equipe. Em seguida, a recomendação é analisar, todos os dias, o desempenho e o comportamento dos funcionários. O mestre de obra também pode ajudá-los a perceber novas oportunidades dentro da empresa.
Como agir quando o problema pessoal de um funcionário interfere em seu desempenho no trabalho?
O ser humano não tem um manual de instruções. Cada indivíduo tem seus sonhos, necessidades, vivências, medos e, claro, problemas pessoais. A primeira coisa a fazer em caso de conflitos particulares é conversar com esse funcionário reservadamente, procurar saber o que se passa e apoiá-lo nessa situação. Mostre que está pronto para ajudá-lo, sendo claro, direto, objetivo e breve. Mostre como seu comportamento está afetando o seu trabalho e o dos outros colegas, faça um plano de ação de melhorias com metas e pontos a serem trabalhados.
Quando o funcionário passa por um momento pessoal difícil, que afeta sua concentração, é melhor tirá-lo de atividades que ofereçam maior risco à sua segurança, como o trabalho em andaimes e com instalações elétricas.
O que fazer, por exemplo, quando o funcionário brigou com a esposa? E quando um familiar morreu?
Nos dois casos, o importante é ter uma conversa honesta. Se for a briga com a esposa, dê a ele um tempo para acalmar-se para que seu comportamento não interfira em seu desempenho. No caso de morte de um familiar, tire-o temporariamente das tarefas mais complexas ou que envolvam um risco maior à sua segurança (subir em andaimes, mexer com fiação elétrica, etc.), pois sua concentração estará mais baixa, podendo ocasionar acidentes.
Às vezes esses problemas terminam em alcoolismo. O que fazer quando isso acontece?
O melhor remédio é prevenir, orientar. Mas se o problema já estiver instalado, será necessário contar com a ajuda de um médico para que ele possa acompanhar e monitorar o grau de alcoolismo e tomar as medidas cabíveis.
Quais os motivos mais comuns de conflitos nos canteiros de obras?
Estresse, disputa de egos, desentendimentos, fofocas, ruídos na comunicação e falta de motivação.
O que fazer quando as brigas envolvem violência física?
Em primeiro lugar, tentar separá-los e, em seguida, dar uma advertência por escrito. Se as brigas persistirem, demiti-los.
Além desses casos, quando saber que é hora de dispensar um funcionário?
Se o funcionário recebe constantemente retorno de seu fraco desempenho e não faz nada para melhorá-lo, quando o número de faltas ultrapassa o permitido, quando ele faz corpo mole no trabalho, quando não mostra nenhum interesse ou preocupação em aprender, quando reclama de tudo e fica falando mal da empresa.
Dá para descontrair e descansar durante o horário de trabalho?
Claro que sim. Inclusive, uma empresa saudável é aquela que oferece condições para isso. Trabalhadores desmotivados, que não acreditam no trabalho que fazem, estressados e isolados não são produtivos. Descontrair nos momentos certos reduz o índice de faltas, a alta rotatividade dos funcionários, acidentes de trabalho e ainda melhora a qualidade dos serviços.
E como identificar o momento de voltar o foco ao trabalho?
Dedicar uma hora por dia para descontrair e descansar é o suficiente para dar mais gás no trabalho. Essas paradas podem motivar e elevar a produtividade das equipes.
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