Crédito: Chico Rivers / ABCP
O planejamento, em qualquer obra de engenharia, tem o objetivo de disponibilizar à equipe de produção material suficiente para facilitar a execução dos serviços, a fim de garantir o prazo, o custo e a qualidade esperados. Na alvenaria estrutural não é diferente, o sistema exige, nesta fase, que sejam determinados prazos e sejam alocados recursos e realizadas ações de maneira eficiente, pois é exatamente nesta etapa que se garante a operacionalidade do processo produtivo, influenciando decisivamente o resultado final e a competitividade do sistema.
Para um correto planejamento da obra, é necessário verificar:
1. Blocos – tipos necessários, quantitativos e locais de armazenagem.
2. Argamassa e graute – de acordo com o tipo utilizado (feitos em canteiro, industrializados em sacos/silos), verificar a melhor logística de abastecimento de suprimentos e de abastecimento da obra.
3. Estoque e fabricação de pré-moldados.
4. Definição dos locais de armazenagem, preparo (no térreo ou nos andares) e abastecimento dos suprimentos.
5. Armazenagem cuidadosa dos blocos - eles devem ficar cobertos e as pilhas marcadas por data, resistência etc.
Elaboração do cronograma
A elaboração do cronograma da obra é fundamental para o planejamento de todas as suas atividades e durações. É importante identificar as atividades críticas para a definição da sequência de atividades e a duração para o dimensionamento das equipes e equipamentos.
De acordo com o cronograma da obra, deve-se sempre fazer a compra planejada de materiais e suprimentos, contratação de mão de obra específica para cada fase da construção e acerto da logística do canteiro de obras, economizando assim tempo e dinheiro.
Mão de obra
Em uma obra de alvenaria estrutural são montadas equipes de trabalho para a elevação das paredes estruturais. Cada construtora tem o seu próprio esquema de trabalho, comumente utilizando a configuração de 1 encarregado para cada duas equipes de trabalho, compostas por dois pedreiros mais um servente.
A produtividade média por equipe de trabalho é equivalente a 3,5 a 5,0 m²/hora/equipe. Considerando que duas equipes trabalhem simultaneamente em um mesmo andar tipo durante 4 dias, obteremos a produtividade de 320 m2 de paredes levantadas, o que equivale a um tipo de aproximadamente 250 m2, ou seja, em uma semana é totalmente viável levantar um andar com uma equipe composta por apenas 11 pessoas.
Pelo fato de a alvenaria estrutural ser um sistema altamente racionalizado, “improvisos” de última hora não são permitidos. A obra tem de ser executada com critério e cuidados especiais, por isso o treinamento da mão de obra é fator decisivo no sucesso, economia e qualidade da obra.
Escolas como o SENAI promovem cursos de aprimoramento e qualificação de mão de obra para assentadores de blocos estruturais. Quando não for possível o uso de mão de obra qualificada por instituições de ensino, como mencionado, o aprendizado e o treinamento podem ser feitos com profissionais mais experientes dentro da obra.
Projeto de canteiro
Também no planejamento do canteiro é preciso investir pensando em padronização e reaproveitamento. O canteiro de uma obra em alvenaria estrutural possui uma configuração diferente de uma obra convencional. É imprescindível que o projeto de canteiro contemple:
Local para armazenamento de blocos estruturais (separados por resistência, tipo e idade) e demais materiais, separados por características de armazenagem e consumo.
Central para controle tecnológico de alvenaria estrutural (bloco, graute, argamassa e prisma).
Central de pré-moldados (escada, pré-moldados de ventilação, vergas, contra-vergas), caso estes sejam executados em canteiro.
Central de corte de blocos.
Todos os outros componentes do canteiro, como betoneiras, guinchos, grua (se houver) e caminhos de serviço.
Elementos de apoio à produção: escritórios, almoxarifado, salas etc.
Áreas de vivência: ambientes, móveis e equipamentos.
Passos necessários para elaboração do projeto de canteiro
Em obras mais complexas, o canteiro deverá ser projetado prevendo as diversas etapas da obra. É preciso observar as fases mais importantes, tais como:
Movimento de terra.
Estrutura do sub-solo sob a torre e periferia.
Estrutura da torre.
Acabamentos.
Remoção do guincho e início de operação do elevador de passageiros.
Planejamento da circulação na obra
A montagem do canteiro de obras é bastante influenciada pelo tipo de equipamento básico de transporte vertical: guinchos, elevadores ou gruas. A circulação de equipamentos, materiais e caminhões (quando necessário) deve estar prevista no projeto de canteiro e devem ser levados em conta os seguintes aspectos:
Sugere-se elaborar um esboço do canteiro de obras, locando todas as dependências necessárias (almoxarifado, escritório, vestiário, entradas etc.) com as rotas mais prováveis a serem realizadas e as distâncias necessárias para o trânsito de todos os elementos.
A circulação principal e secundária, se possível, deve ser sinalizada e organizada de acordo com as normas de segurança do canteiro.
A circulação deve garantir o fluxo contínuo de materiais, mão de obra e equipamentos.
Se possível, após definir as rotas que serão destinadas ao tráfego de materiais e mão de obra, submeter o projeto de canteiro a um profissional da área de segurança, para avaliar os riscos envolvidos na solução sugerida.
Em obras abastecidas por silos, deve ser previsto um acesso suficiente para suportar o trânsito de caminhão tipo "munck" ou graneleiro, uma vez que deve haver o reabastecimento ou troca dos silos.
No caso da inviabilidade de circulação de caminhões tipo "munck" e carreta na obra, o ponto de distribuição de argamassa pode ser locado próximo do acesso para descarga, pois desta forma o silo pode ser abastecido por mangote. Deve-se observar a distância mínima do mangote para a carreta.
O abastecimento do andar deve prever todos os materiais previstos nos projetos: blocos (de cada tipo especificado), argamassa, graute, elementos pré-moldados etc.
Quando for utilizada grua, seu posicionamento deve ser criteriosamente estudado, pois este equipamento deve ser o centro de gravidade do canteiro e influencia todo o seu layout. As gruas podem ser fixas, ascencionais ou móveis sobre trilhos, sendo que a escolha correta depende de cada empreendimento e é fundamental para a funcionalidade do canteiro. O seu dimensionamento deve ser feito pelos pontos extremos para garantir acesso aos principais estoques e às áreas de produção. Além do posicionamento, deve-se analisar também a forma de fixação do equipamento, que pode ser através de furos na laje, no poço do elevador ou instalação na lateral do edifício. No caso das edificações provisórias, é necessário verificar as posturas e exigências de áreas da NR18, pois as dimensões de alguns fabricantes não atendem aos requisitos de norma.
Acesso ao canteiro
O acesso ao canteiro deve estar previsto no projeto original e levar em conta todos os aspectos já mencionados sobre a localização dos vários pontos importantes. Além disso, deve-se providenciar junto ao órgão municipal o rebaixamento da calçada no local determinado para recebimento de material, permitindo um acesso facilitado para o descarregamento.
Mobilização e desmobilização
O planejamento da mobilização e desmobilização deve ser baseado em outros fatores da obra, tais como: estoques, armazéns etc. Este item deve estar previsto no cronograma geral da obra. As atividades de mobilização e desmobilização devem estar ligadas ao porte do empreendimento. Neste item, todos os elementos devem estar de acordo com a Norma NR-18.
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