Esta é uma publicação do Engº Civil Otávio Araújo, que elucida o cisalhamento em lajes treliçadas.http://www.engetreli.com/lajes-trelicadas-bidirecionais
Com a constante evolução dos materiais de
construção e sofisticação dos modelos de cálculo utilizados para análise de
esforços e dimensionamento das estruturas, temos notado projetos arquitetônicos
e obras cada vez mais arrojadas. Muitas vezes isso resulta em grandes vãos a
serem vencidos, e altos carregamentos a serem suportados.
O uso das lajes treliçadas vem se
mostrando bastante interessante para diversas situações. Além de suas
facilidades e vantagens apresentadas por ser uma estrutura pré-moldada, têm um
grande potencial no que diz respeito a suportar cargas altas, com vãos relativamente
grandes. Apesar disso, devo alertar que para se aproveitar as qualidades e
vantagens que o sistema treliçado oferece, é necessário que se tenha um bom
conhecimento técnico não só do produto, como também das estruturas.
Tenho notado que uma das grandes dúvidas e
confusões feitas pelos fabricantes de lajes treliçadas ocorre quando lhes
aparecem casos em que se apresentam grandes esforços cortantes devido às cargas
altas, ou cargas concentradas sobre a laje. Com isso, surge a necessidade de se
armar as nervuras ao cisalhamento. O conhecimento técnico é fundamental nessa
hora decisiva, e a falta dele pode inclusive levar o fabricante à “perder a
venda”, pois ele acha que a única alternativa é a colocação de estribos
adicionais nas vigotas, encarecendo bastante o produto final. Ou então
simplesmente ignora essa necessidade de se armar ao cisalhamento, o que é ainda
muito pior.
Essa é uma das situações que podemos tirar
proveito da armação treliçada. Podemos utilizá-la como armadura de
cisalhamento, eliminando assim os estribos e toda mão de obra e custo que
seriam ocasionados pela colocação dos mesmos.
Para a correta utilização do sinusóide da
treliça como armadura de cisalhamento, devemos fazer duas verificações:
- a primeira é garantir que a armadura
diagonal (sinusóide) estará ligando o banzo comprimido ao tracionado. Ou seja,
o banzo superior da treliça deve estar mergulhado na zona comprimida da laje,
que geralmente fica logo abaixo da face superior da laje. Por isso, devemos ter
a treliça com uma altura maior do que o elemento de enchimento, chegando até a
face superior da laje menos o cobrimento da armadura. - a segunda é que a área
da seção transversal da armadura da diagonal tracionada seja suficiente para
resistir a esses esforços.
Há casos ainda que é necessário que se
aumente a altura final da laje, o que mesmo assim compensa muito do ponto de
vista técnico e comercial, pois além de uma laje menos deformável, ainda
teremos um produto mais barato do que se tivermos que adicionar os estribos.
Com isso, concluímos que as treliças podem
ter além de sua função de enrijecer as vigotas e ditar a distância entre as
linhas de escora, um papel de armadura de cisalhamento, tirando-se com isso o
máximo de proveito de seu uso.
Bom dia e bom trabalho a todos.
Engº Civil Otávio Araújo
Engetreli Engenharia
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