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Os segredos para um granilite duradouro


Esse material versátil reveste pisos, paredes e bancadas. Tire suas dúvidas antes de aplicá-lo

Por Roberta Akan Fotos: Marcos Lima


O que é granilite? Que tipos existem? Como executá-lo e conservá-lo? Esta reportagem responde todas as suas dúvidas sobre esse material que reveste pisos, paredes e bancadas, aliando as características dos cimentícios à resistência e ao charme das pedras naturais. Clique em cada pergunta para ler a respectiva explicação. Além disso, você fica sabendo o preço médio por metro quadrado e conhece as placas prontas para piso.
O que é granilite?

A composição leva grânulos de minerais (mármore, granito, quartzo e calcário, misturados ou não), cimento (comum ou branco), mais areia e água para chegar à consistência ideal. Quando desejada, a coloração é feita com a inclusão de óxido de ferro. Somente a proporção perfeita de todos os componentes determina a qualidade do material e varia conforme a especificação. Se bem preparado e aplicado, dura mais de 40 anos, afirma Roberto Falcão Bauer, diretor técnico do Centro Tecnológico de Controle de Qualidade, em São Paulo, que leva seu sobrenome. O granilite tem composição semelhante à do cimento queimado, porém é mais resistente por causa da presença dos minérios, compara. Portanto, para ter vida longa, pede cuidados semelhantes aos exigidos nos cimentícios: não pode ter contato com produtos abrasivos ou químicos.

Que tipos de granilite existem?


Polido e fulgê, que apresentam diferenças na textura da superfície. Enquanto o primeiro recebe acabamento liso e camada de resina (poliuretânica no piso ou acrílica para paredes e bancadas), o segundo mantém o relevo dos pedriscos. Como a etapa final do fulgê é uma lavagem com água para retirar o excesso da argamassa que envolve as pedras, ele é chamado também de granilite lavado.

O tamanho dos grãos muda as características do produto? Há composições mais resistentes que outras?




O mercado oferece grânulos em quatro tamanhos (de 0 a 3). Por questões técnicas, para paredes a granulometria máxima é a 1, diz Jorge Wiszniewiecki, diretor da Casa Franceza, de São Paulo. Os grãos maiores conferem maior resistência à abrasão, informa Rodrigo Pirolo, gerente comercial do Grupo Granitorre Fulget. A resistência mecânica não depende do tamanho, mas sim do tipo do mineral empregado. Embora no geral o granilite contenha todos os minerais misturados, há opção de escolher somente um tipo de rocha. A resistência é maior no quartzo e menor no mármore, tendo o granito como intermediário, ensina Roberto. E a do fulgê é semelhante à do polido, completa ele. Ainda sobre esse material, vale lembrar que a abrasão constante pode desgastar a superfície. Por isso, locais de alto tráfego incluem agregados metálicos, explica.

Há restrições para o revestimento?


O polido é contraindicado para áreas molhadas, por ser muito escorregadio, afirma a arquiteta Mariana Viégas, de São Paulo. Escada com esse revestimento exige fitas com abrasivos, ou prefira o tipo fulgê, naturalmente antiderrapante, complementa Roberto. Mas o fulgê em bancadas de cozinha gera dor de cabeça para manter a limpeza devido à irregularidade da superfície, e não pode ter contato com limão ou ácidos, alerta Jorge. Melhor não usá-lo em locais de sujeira pesada ou que tenham contato com substâncias químicas. Ele pode ser danificado ou manchar, aponta o arquiteto paulista Frederico Zanelato.

Como preparar a área para receber o granilite?


No piso ou na parede, a base sem ondulações, limpa e firme é determinante à qualidade e à durabilidade do material. Também é preciso que tenha acabamento áspero (sarrafeado) para a aderência da massa. O granilite não deve ser aplicado sobre gesso, cal ou fibrocimento. Paredes devem ser bem aprumadas e o contrapiso, totalmente regularizado e com lastro de concreto adequado. Em áreas molhadas, o contrapiso deve prever o caimento para o ralo.

O que são as juntas de dilatação?

Sobre a base bem-feita vêm as juntas lineares: não podem estar curvas ou tortas, pois isso comprometeria o revestimento. Elas precisam ficar totalmente unidas, criando espaçamento contínuo, ensina Jorge. Em paredes, o tamanho ideal para painéis é por volta de 1,50 m2. Para o piso, as juntas devem delimitar quadros de 1 m2 no máximo, como forma de minimizar a incidência de trincas e para garantir que fique mais plano. Mas atenção: a argamassa que sustenta as juntas reduz a camada de granilite nesses pontos, que se tornam mais sujeitos a fissuras, diz Roberto, que aconselha redobrar o cuidado na execução desses locais.

Como deve ser uma boa execução?


Com a base adequada e as juntas bem distribuídas, o sucesso passa a depender de mão-de-obra capacitada, que acerte na mistura uniforme dos componentes (preparo) e na execução, e tenha equipamentos para aplicação, adensamento e acabamento final. Em vez de empreiteiros, prefiro o trabalho de empresas que garantam a qualidade, diz o arquiteto Frederico. A experiência delas diz muito. A Casa Franceza, após anos de atuação, aumentou a espessura dos pisos feitos com grãos menores de 8 para 10 mm. Os de grãos maiores ficam com 15 mm. Vimos que o resultado técnico é melhor, informa o diretor. Para paredes e bancadas, 8 mm bastam.

Quanto tempo demora a aplicação?


A argamassa de granilite é espalhada e desempenada sobre a base. Em cima dela vêm grãos adicionais, que ficam na superfície. A massa é alisada com desempenadeira de aço. É necessário aguardar a cura da argamassa, em torno de uma semana. O cimento precisa reagir com a água para ganhar resistência, o que vale inclusive para o contrapiso, afirma o arquiteto Paulo Fecarotta. Os próximos passos diferem conforme o acabamento. No caso do fulgê, o cimento que recobre as pedras é retirado com esponja úmida, o que pede mais dias de cura. Então as pedras em relevo são limpas, e o revestimento está pronto. Caso seja solicitado, pode receber resina. Já no polido, após a primeira cura vêm o polimento grosso e a estucagem, para preencher os poros abertos. Essa calda de estucamento deve ter a cor exata da argamassa, senão podem surgir manchas. O polimento tem de ser feito com iluminação muito boa para o brilho evidenciar as imperfeições, ensina Roberto. Aguarda-se nova cura por no mínimo dois dias, quando é feito o polimento fino (com máquina manual em cantos e áreas acima de 1,60 m de altura) e finalmente a aplicação de resina. Ela, sim, exala cheiro forte. Por eliminar a etapa do polimento, a colocação do fulgê tende a ser mais breve, apesar do assentamento demorado e da necessidade de mão-de-obra bem treinada, avisa o diretor da Casa Franceza. Numa área de 40 a 60 m2, o tempo de aplicação do polido leva cerca de 20 dias e do fulgê, cerca de 12 dias, segundo a empresa.

Fissuras são normais?


Sejam minúsculas ou bem visíveis, elas fazem parte do DNA do granilite monolítico, avisa Jorge Wiszniewiecki, da Casa Franceza. Microfissuras são inerentes ao cimento, endossa Roberto Falcão Bauer. Um dos motivos é que a massa adere à base e com ela gera um corpo único, suscetível a movimentações da estrutura, explica Rodrigo Pirolo, do Grupo Granitorre. Por isso, garanta uma base boa. Desrespeito ao tempo de cura, erro na proporção dos componentes ou mistura não uniforme também podem alterar o resultado. No granilite tipo fulgê, a fissura também pode surgir na massa de cimento, só que ficará oculta sob as pedras da superfície, aponta o arquiteto Paulo Fecarotta. As fissuras no fulgê e as trincas profundas no granilite polido pedem avaliação especializada (as superficiais são amenizadas com polimento fino). Se não resolver, o jeito é refazer, pois trocar só uma área gera tonalidade diferente. Já a coloração disforme costuma provir da variação do lote do cimento ou dos pedriscos no meio da execução. É um produto artesanal, e esses detalhes fazem parte do seu charme, defende Jorge. Alertar é responsabilidade do profissional, considera Paulo Fecarotta.

Posso ficar no ambiente durante a obra?


Nunca. O granilite faz sujeira na aplicação, é uma massa muito molhada, afirma Mariana Viégas. No caso do polido, há ainda o agravante de a máquina ter grande porte, do pó que decorre do procedimento e do cheiro da resina.

Quais os segredos de conservação?


Use vassoura e sabão neutro, jamais produtos abrasivos, que danificam a argamassa composta de cimento. Para a limpeza pesada, o fulgê aceita o uso de lavadora de pressão, com bico regulado em leque. O pontual fura a argamassa e solta os grânulos, alerta Jorge. No caso do polido, a reaplicação da resina poliuretânica (piso) ou acrílica (exclusiva para parede e bancadas) deve seguir a recomendação do fabricante, em torno de dois ou três anos. Paulo Fecarotta indica manutenção a cada 15 dias. A cera preserva o revestimento da abrasão. É fácil aplicar, pode ser à base de água e passada com pano e rodo, ensina. Mas teste antes o resultado para evitar que fique muito escorregadio. Se criar camada espessa devido à aplicação recorrente, a cera deve ser retirada com produto específico da mesma marca, e à base de água.

Placas prontas para piso
Com os mesmos compostos empregados no granilite artesanal, o revestimento para piso apresentado em placas prontas tem como vantagem a aplicação semelhante à de pedras naturais (com rejunte de 2 a 4 mm) e a reposição de peças. Além disso, descartam-se as que apresentam trincas, afirma o arquiteto paulista André Moral, da Step Revestimentos, em São Paulo. A desvantagem é o custo alto, diz Lucio Staut, sócio-proprietário da fabricante Tecnogran. Além do material, há o gasto com assentamento, entre R$ 15 e R$ 40 por m², fora o frete - os fabricantes entregam para todo o Brasil. As peças têm 3 cm de espessura, sendo a metade inferior composta de mais cimento do que minerais, ao contrário da superfície.



Preços em 2009..



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