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Método de Dosagem da ABCP - (2)

Considerações sobre o método da ABCP

a) O método da ABCP/ACI, que pode ser considerado com um método essencialmente empírico, está baseado em quadros e tabelas, de valores médios, que possibilitam o desenvolvimento de um roteiro simples e rápido de entender, com uma seqüência de passos, num único sentido, que evitam a entrada em processos iterativos ou tentativos. Além disso, os passos indicados podem ser seguidos facilmente por técnicos não muito experientes ou engenheiros de obra, pouco acostumados às práticas e ensaios de laboratório.

b) O método leva em conta, de forma clara e direta, os mais importantes fatores que condicionam as exigências e as características que devem satisfazer os concretos, para moldagem de estruturas in  loco.

c) Teoricamente é possível fazer toda a dosagem, determinando um traço inicial, a partir de certas informações básicas de caracterização dos materiais componentes. Esses ensaios de caracterização dos agregados, como as composições granulométricas, os Módulos de finura e as Massas Unitárias e Específicas, são rápidos e simples de realizar, com um mínimo de equipamentos de laboratório.

 Opcionalmente, as características dos materiais podem ser obtidas a partir de dados regionais. Cabe destacar que, a faixa de valores dos Módulos de finura das areias, consideradas pelo método da ABCP, varia entre 1,8 e 3,6 e adapta-se aos limites das quatro zonas granulométricas estabelecidas pela NBR 7211/83, para os agregados miúdos, enquanto que a faixa dos Módulos de finura das areias, consideradas pelo método do ACI, varia entre 2,4 e 3,0 o que as enquadra, basicamente, na faixa de areias médias.

d) Embora o ensaio de abatimento, que determina uma medida relativa da consistência do concreto, seja um procedimento aproximado e incompleto para avaliar a trabalhabilidade, ele tem a virtude de ser aplicável, tanto em obra como em laboratório, sem necessitar de equipamentos sofisticados e de pessoal muito qualificado para sua execução. A grande praticidade do método reside em que os procedimentos de controle e ajuste sugeridos, nas diferentes etapas do processo de dosagem, adotam como parâmetro de referência da trabalhabilidade, o valor do abatimento.

e) O método fornece estimativas próprias para as quantidades de água de amassamento (dependentes apenas da Dimensão máxima característica do agregado total e da quantidade de ar incorporado) e valores médios de resistência para as diferentes relações água/cimento x. Observa-se que, dada a grande variedade e variabilidade dos tipos de cimentos e dos agregados disponíveis nas diferentes regiões do Brasil, resulta muito difícil aceitar o uso indiscriminado das curvas de valores médios da resistência do concreto (função apenas das relações água/cimento) apresentadas pelo método. Em relação ao aglomerante pode-se observar que a variação, ao longo do tempo, da resistência de um tipo de cimento normalizado não se evidencia apenas para regiões e marcas diferentes, mas acontece também para cimentos produzidos dentro de uma mesma fábrica.

Portanto, parece prudente seguir as recomendações do método no sentido de adotar os valores da água de amassamento e das resistências médias obtidos experimentalmente para os agregados e os tipos de cimentos a serem empregados efetivamente na dosagem.

f) Pode-se dizer que o método da ABCP/ACI fornece critérios bem definidos de ajuste das misturas experimentais obtidas a partir do traço básico inicial. Quanto ao ajuste das quantidades de água necessárias para o amassamento das misturas de concreto, o método fornece uma fórmula de ajuste do consumo de água em função dos abatimentos inicial e requerido.

g) A norma ACI 211.1-81, usada por Rodrigues (1990) para o estabelecimento do método da ABCP, prevê procedimentos de substituição em massa ou em volume de parte do cimento por pozolana e fornece as fórmulas e as equações para tais substituições. No método simplificado da ABCP, não são feitos comentários e também não são apresentadas orientações quanto à substituição parcial de parte da massa de cimento Portland por algum tipo de material pozolânico.

h) O método da ABCP/ACI considera a relação existente entre o volume de agregado graúdo compactado seco e o volume de concreto produzido com esse agregado. Através de uma tabela obtida experimentalmente são apresentados valores do volume total do agregado graúdo compactado seco, em função da Dimensão máxima característica do agregado graúdo e do módulo de finura da areia.

i) Observa-se que o método de dosagem da ABCP/ACI procura fornecer misturas plásticas com baixos teores de areia e menores consumos de pasta. Este princípio do método levaria à obtenção de traços iniciais mais econômicos e simplificaria seu ajuste, já que parece mais fácil reconhecer e corrigir misturas com menor quantidade de argamassa do que misturas argamassadas em excesso (RODRIGUES, 1990; VERÇOZA, 1986). 

Na aplicação prática do método, foi possível constatar que as proporções iniciais entre os materiais constituintes do concreto determinavam teores de argamassa não muito baixos se comparados com os obtidos inicialmente através dos outros métodos de dosagem. Entretanto, as correções do traço, tentando aumentar a consistência, através do aumento da quantidade de água e conservando constante a relação água/cimento, leva naturalmente a aumentos no consumo do aglomerante, o que produz um aumento do volume de pasta e do teor de argamassa e constitui um dos fatores de encarecimento do traço, que será “seguro”, mais levemente anti-econômico. 

Quando, no processo de ajuste da mistura inicial, opta-se por colocar toda a água, inicialmente prevista pelo traço, de forma a manter constante a relação água/cimento e a quantidade de brita de partida, torna-se necessário aumentar o conteúdo de areia o que pode ocasionar um aumento excessivo do teor de argamassa, muito acima do teor ideal necessário para o concreto. Esta observação pode ser confirmada através da aplicação do método, no qual constata-se que, uma vez fixadas as características dos materiais a serem usados no proporcionamento dos concretos, quanto maior seja a relação água/cimento imposta, maior será a proporção de areia acrescida e maiores serão os teores de argamassa resultantes.


j) Um dos inconvenientes mais importantes do método do ACI é a dependência de tabelas elaboradas a partir de valores médios de materiais, que muitas vezes podem não se adequar àqueles disponíveis localmente. Além disso, o uso desacautelado das tabelas pode levar a perder de vista os fundamentos e os conceitos básicos envolvidos assim como as restrições de uso e aplicação consideradas no método. Quando as características dos materiais efetivamente empregados para a execução da dosagem diferem daquelas médias dos materiais usados pelo método, pode acontecer que o traço, determinado teoricamente através das tabelas propostas, apresente no momento de ser executado pela primeira vez características muito diferentes das inicialmente procuradas. 

A conseqüente necessidade de efetuar os ajustes necessários pode levar a concretos um tanto inadequados e/ou anti-econômicos se comparados com os traços otimizados que são obtidos por outros métodos que envolvem ensaios prévios de trabalhabilidade sobre misturas experimentais, produzidas com os materiais que serão efetivamente usados.

k) As consistências de trabalho estabelecidas pelo método estão, em princípio, limitadas a variações do abatimento compreendidas entre 40 e 100 mm, e os consumos de cimento devem permanecer em torno de 325 kg/m3 de concreto. Entretanto, as quantidades de água de amassamento sugeridas permitem obter concretos com abatimentos compreendidos entre 25 e 175 mm. A restrição do abatimento dos concretos entre 40 e 100 mm justifica-se na medida que o ensaio de abatimento do tronco de cone apresenta uma boa confiabilidade, para consistências do concreto que variam de plásticas a fluídas, numa faixa de valores compreendida entre 25 mm e 150 mm. 

Observa-se também que para atingir um mesmo valor do abatimento, os consumos de água estimados pelo método da ABCP, em função da Dimensão máxima característica do agregado graúdo, apresentam-se um pouco maiores que os sugeridos pelo método da norma ACI 211.1 – 81.

l) Quando os agregados disponíveis são britas e areias naturais, como as disponíveis na região de Porto Alegre, o método possibilita a obtenção rápida e direta de traços com abatimentos e relações água/cimento prefixadas, que apresentam teores de argamassa adequados e consumos de cimento não muito elevados se comparados com outros métodos mais trabalhosos e demorados.

m) Por último, existem limitações do método quanto a sua adequação para o uso de aditivos plastificantes e superplastificantes, pois a tabela da ABCP, que fornece as quantidades de água aproximadas para atingir o abatimento, em função da Dimensão máxima característica do agregado, está elaborada para concretos sem aditivos. Este fato evidencia a necessidade de atualizar ou complementar o método de maneira a considerar a possibilidade de uso de aditivos e ter referências de como agir nestes casos.

De qualquer forma, a utilização de aditivos pode ser considerada, depois de realizada a determinação do traço básico no laboratório, ajustando-se a consistência, em função das necessidades de trabalhabilidade específicas da obra. Alguns aditivos, dependendo de seu tipo, qualidade e da proporção em que sejam incorporados, podem causar efeitos indesejados como exsudação ou segregação das misturas de concreto. Portanto a incorporação de aditivos pode requerer novos ajustes nas proporções dos traços básicos determinados pelo método

Ajustes experimentais ao traço

O método recomenda a realização da mistura experimental para a verificação e adequação, se necessário, dos requisitos de trabalhabilidade e desempenhos exigidos para o concreto.

Rodrigues (1998) com relação a possíveis ajustes da mistura recomenda:

- Sempre que possível utilizar equipamentos similares entre os usados nos laboratórios
e no canteiro;

- Quando a quantidade de água prevista for a necessária para alcançar o abatimento necessário, mas a mistura apresentar-se pouca argamassada, deve-se acrescentar areia e diminuir a quantidade de brita, de tal forma a manter-se constante a relação de agregado total (m) da mistura.

- Para as situações onde a mistura apresenta excesso de argamassa, deve-se acrescentar agregado graúdo, além de quantidades proporcionais de água e cimento.

- Nas situações onde a água prevista for insuficiente para se obter o abatimento especificado, deverão ser aumentadas as quantidades de água e cimento, desde que mantida a relação água/cimento e o teor de argamassa, e diminuir a relação agregado total (m) do traço.

- Para casos onde a água estimada for maior que a necessária para se atingir o abatimento, recomenda-se aumentar as quantidades de areia e brita, mantendo-se constantes a relação água/cimento e o teor de argamassa adotado para a mistura.

- Moldar corpos-de-prova e observar nas primeiras horas, a presença de exsudação acentuada demonstrando, nesse caso, deficiência de finos na mistura.






Quem tem acompanhado (e adquiriu) sabe que o Método de Dosagem Paramétrica do Concreto - DPCON vem resolvendo estes problemas e outros que aqui não foram mencionados. 

A dosagem pelo DPCON relaciona e confirma os muitos parâmetros para uma dosagem de um concreto econômico e MUITO trabalhável, já existem vários relatos em diversos locais do mundo, não importa qual o seu agregado/aglomerante/adição a dosagem é feita utilizando qualquer os seus agregados e aglomerantes e adições e aditivos.    

Extraído de :

http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/12575/000628682.pdf?...1

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