Construções em taipa não são novidade, muito pelo contrário: partes da Grande Muralha da China foram feitas utilizando essa técnica. Ofuscadas e ultrapassadas por métodos mais modernos de construção, as paredes de barro vêm ressurgindo como uma solução econômica, sustentável e de baixo impacto. Inclusive, uma jovem empreendedora aposta que podem ser a resposta para o déficit de moradias na África. A taipa de pilão é um sistema rudimentar de construção em que a terra é comprimida em caixas de madeira, chamadas de taipas. O barro é disposto horizontalmente em camadas de cerca de 15 cm de altura e socado - com piladores manuais ou socadores pneumáticos - até atingir a densidade ideal, criando uma estrutura resistente e durável.
Em 2016, Joelle Eyeson co-fundou a Hive Earth, uma empresa especializada em construções em taipa, em Gana, na África. A proposta é construir moradias acessíveis e ecologicamente corretas através da taipa de pilão - usando materiais de origem local que estão disponíveis em abundância na ÁfricaOcidental. As paredes são feitas com uma combinação de lama, areia, argila e 5% de cimento - mas, segundo Joelle, se o cliente quiser ser 100% ecologicamente correto, pode-se usar cal em vez de cimento. O processo de construção da Hive Earth é bastante simples. Os materiais são todos peneirados e colocados em um misturador para formar uma massa úmida. Uma vez que a mistura esteja pronta, é colocada em formas e, em seguida, distribuída para que fique comprimida até a metade da altura original. Após isso, removem-se as formas para secar e curar.
As paredes feitas pela Hive Earth chamam atenção pela estética. A combinação de camadas com diferentes misturas de terra resulta em desenhos com forma de ondas, texturas naturais e belas cores terrosas. Nenhuma parede de taipa é igual a outra. "Muitas das cores que você vê nas paredes são cores naturais da terra. Em Gana temos tantas variações diferentes de terra que podemos obter bege muito claro, cinza, vermelho e até preto. Às vezes adicionamos pigmentos de óxido de ferro para criar cores mais brilhantes se o cliente solicitar", conta Joelle.
O déficit habitacional em Gana atualmente é de 1,7 milhão de moradias - e esse número continua crescendo. Devido ao baixo custo de construção com terra batida, a Hive Earth consegue construir uma casa de um quarto por apenas US $ 5.000. Segundo a empresa, isso pode resolver a crise habitacional não apenas em Gana, mas também no continente africano como um todo.
Além do baixo custo, outros benefícios de construir com lama é que mantém a temperatura ambiente interna fria - diminuindo o uso de aparelhos de ar condicionado. A manutenção também é baixa e não há a necessidade de pintar em tempos em tempo. Além disso, as paredes são à prova de som e de cupins - além de serem livres de químicos e toxinas que podem estar presentes no cimento. A Hive Earth utiliza apenas 5% de cimento em sua fórmula para dar liga, mas quando viável procuram substituí-lo por cal. A intenção de usar o mínimo possível de cimento vai além do custo. Espaços fechados com muito cimento tornam-se insalubres, com a qualidade do ar inadequada, por conta do calor e da umidade elevada em Gana.
O Hive Earth Studio também vem se aventurando por outros empreendimentos e pretende produzir soluções de decoração e acabamentos residenciais - como tintas, rebocos e revestimentos de terra e cal. Eles também pretendem realizar workshops em universidades para ensinar aos jovens e futuros arquitetos a projetar com terra batida e também esperam poder continuar a empregar homens e mulheres jovens, especialmente nas zonas rurais, para reduzir o desemprego dos jovens.
https://www.archdaily.com.br/br/914699/tons-da-terra-os-incriveis-desenhos-das-paredes-de-taipa-em-gana
https://www.instagram.com/hive_earth/
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